sábado, 11 de janeiro de 2014

Tarde de Inverno

Pierre jurou não voltar enquanto não tivesse uma resposta clara. Jurou. Passou um dia no bosque. Dois dias. Nada encontrou. Mas Pierre jurou. Talvez tenha encontrado as repostas. São histórias, apenas histórias, mas ele não estava satisfeito, sabia, sentia que tinha algo, uma casa, um buraco, uma... árvore. Sim, havia uma árvore. Devia ter uns três metros de altura. Não era grande, mas era bela. E como era bela. Pierre perdeu a percepção sobre o tempo. Admirou-a. Horas se passaram em segundos, até que, por um susto, Pierre voltou a si.

Um raio, um trovão ao longe, e a mensagem de que chegava uma tempestade. Não havia um abrigo, algum lugar para se esconder da chuva. Pierre decidiu voltar, para casa. Correu, e enquanto corria para o vilarejo uma gota caiu, seguida de outras gotas, que em poucos instantes se tornaram um grande volume de água, e se tornaram poças e lama. E os raios cortavam o céu. E os trovões bradavam agora bem próximos. Estava escurecendo, era tarde, era inverno. Estava muito perigoso para continuar, mas não podia ficar ali. Eis que em meio às árvores havia uma cabana, sim, uma cabana. Parecia velha, mas parecia segura. Pierre entrou e se jogou ao chão, procurava fôlego. Correu por muito tempo, e não estava em sua melhor forma, nunca esteve. Recuperou-se, se apoiou e se levantou. Olhou em volta, estava escuro, estava aquecido e estava confortável. Pierre não se sentia só. Teria mais alguém ali? Havia mais alguém, ou pelo menos uma sombra de alguém ou de algo. Pierre chamou, chamou... e mais uma vez chamou. Silêncio. De repente um som, choro, estava chorando, alguém. E mais choros, crianças, muitas crianças, angustiadas, famintas, amedrontadas, muitas crianças. E uma senhora surgiu da penumbra e lhe estendeu a mão. Ela ria, era um riso assustador. Pierre fugiu, para onde? Para lugar algum, ou para algum lugar. Adormeceu. Talvez morresse.
André de Sá

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